Todas
as técnicas terapêuticas que promovem resultados na sua aplicação precisam e
tem um embasamento fisiológico, na mobilização articular não acontece
diferente. Sua principal modulação sobre a dor perpassa pela atuação nos
receptores articulares.
Para
se entender melhor sobre a neurofisiologia da mobilização articular precisa-se
reportar a algumas definições e conhecimento fisiológico dos receptores
articulares e a transmissão da dor ao sistema nervoso central (SNC).
Existem
nas cápsulas articulares e nos ligamentos, receptores sensíveis a movimentos
ativos e passivos, estes denominados de mecanorreceptores. São, geralmente,
classificados pelos algarismos romanos I, II e III, sendo o receptor IV um
nociceptor, inativos em situações fisiológicas e funcionais normais.
Por
definição, nociceptores são receptores que transmitem informação dolorosa e
fazem isso da periferia para a medula e para os centros mais altos do SNC. Estímulos
mecânicos, como pressão, térmicos ou químicos podem ativar nociceptores, que os
interpretarão com dolorosos. As terminações nervosas nociceptivas são livres e
estão presentes na pele, nos músculos, nas articulações e vísceras.
A transmissão
da informação dolorosa é feita por fibras específicas, A-delta e C. Abaixo está
listado as principais características dos tipos de fibras responsáveis por
informação proprioceptivas e nociceptivas.
Tipo
|
Velocidade de condução
|
Diâmetro (micras)
|
Estrutura
|
Informação
|
C
|
1m/s
|
0,2-1
|
Não mielinizada
|
Dor lenta
|
A-delta
|
5 a 30m/s
|
1-4
|
Levemente mielinizadas
|
Dor rápida
|
A-beta
|
30 a 70m/s
|
8-13
|
Mielimizada
|
Estímulo mecânico
|
A-alfa
|
70 a 120 m/s
|
13-22
|
Estímulo mecânico
|
Através
da tabela acima pode-ser perceber que o estimulo mecânico se propaga muito mais
rápido que o doloroso. Parte do efeito conseguido com a mobilização articular
se deve a esse aspecto, fundamentando-se na teoria da “comporta da dor”,
postulada por Melzack e Wall (1965). Segundo essa teoria, fibras A-alfa e
A-beta exerceriam ação inibitória sobre as fibras C, ou seja, um estímulo
proprioceptivo seria capaz de gerar inibição (fechar a comporta), total ou
parcial, de informações dolorosas. De posse disto, o estímulo mecânico
provocado pela mobilização aliviaria a dor por esse mesmo mecanismo, pois uma
inibição ocorrida a nível espinhal ocorreria pela estimulação mecânica das
fibras A-alfa e A-beta.
Outro
mecanismo, já citado nesse capítulo, é a movimentação do liquido sinovial, levando
a uma melhor nutrição das estruturas articulares avasculares que, juntamente
com o mecanismo de compressão de tração, estimula a produção de liquido
sinovial. Num pensamento mais global do corpo, a recuperação de um movimento
articular normal irá retirar o efeito compensatório ocasionado pela mesma a
estruturas vizinhas ou distantes, diminuindo o transtorno que possam estar
sofrendo.
Por: Dr. Ft. Diêgo Sales
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